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Panorâmica de Maragogipe

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

A FÉ NASCEU DE UMA VISÃO

 UMA VISÃO QUE MUDOU TUDO

Numa manhã, quando iam para o eito, os trabalhadores viram sobre uma pedra  uma visão radiante de um  homem esbelto, cor acobreada, feições delicadas, tendo à mão direita uma adaga e com o corpo todo ensanguentado. Essa notícia rápido correu o povoado. O novo dono do lugar logo decifrou a visão: trata-se da imagem de São Bartolomeu. Os moradores concordaram em adotá-lo como patrono do lugar. Então foi escolhido um local onde seria erguida uma grande e majestosa igreja. As obras da nova construção foram iniciadas. Todos acorriam da forma como podiam para a concretização da empreitada. Mas, os recursos eram poucos e então foi solicitada a colaboração do Reino de Portugal que destinou 70 contos de réis de ajuda até a Igreja ficar pronta.

Foi assim que tudo começou. São essas recordações avoengas que não podem calar, sobretudo porque isso tudo é história e história é vida. É a vida dos nossos antepassados que viveram essa fé. Uma fé tão profunda que até os mais letrados encontram dificuldade para bem definir o quanto ela representa na vida de cada maragogipano, pois os moradores desta terra sempre tiveram por seu Padroeiro – SÃO BARTOLOMEU, um amor puro e profundo.

ACHADO DA IMAGEM

 

 

Corria o ano de 1643 e a aldeia era uma agitação só com a notícia de que o novo dono do lugar em breve chegaria com toda a sua família. Assim, por dias e dias não se falava em outra coisa até que finalmente, chegou a nova comitiva: o colonizador Bartolomeu Gato, sua esposa D. Isabel e seu filho único Gonçalo e mais toda a criadagem e ainda o irmão do colonizador o Pe. Gaspar.

Acomodados os novos habitantes, pois as casas para abriga-los já estavam prontas uma vez que bem antes vieram os metres de obra e pedreiros para esses preparativos das moradas para o novo senhor e seus familiares e agregados.

Logo o colonizador se inteirou da vida no povoado, gostos e costume dos seus moradores.

Ficou sabendo que existia já uma pequena capela de taipa coberta de palhas na qual eram feitas as celebrações religiosas. E que o padroeiro do lugar era São Gonçalo do Amarantes. Ai  então  teve a ideia de propor a substituição do mesmo pelo santo de sua devoção e do qual deram-lhe o mesmo nome. Como o assunto era delicado e carecia de muita habilidade para conseguir o intento, então ele teve a ideia de colocar uma imagem de São Bartolomeu no alto da península onde se situa a matriz de São Bartolomeu e quando o dia amanheceu os que cedo iam para o trabalho, logo se espantaram com o santo achado.

Em época em que a fé removia montanha, logo as beatas do lugar organizaram procissão e entoando cânticos e ladainhas, guardaram o santo achado na capela existente e foram levar ao novo patrão a novidade do ocorrido.

Essa notícia correu o povoado como rastilho de pólvora e assim todos ficaram sabendo. Ai então, o colonizador Bartolomeu Gato, visando atingir seu objetivo, propôs que a substituição fosse feita e o padroeiro trocado pelo Santo de sua devoção: São Bartolomeu. Todos concordaram e o colonizador feliz com o ocorrido se comprometeu a ir a Portugal e conseguir junto à coroa uma ajuda para construção de uma grande igreja. E assim foi feito.

Os recursos foram conseguidos e de imediato a igreja começou a ser construída tornando-se a construção mais importante da Cidade de Maragogipe, recentemente recuperada pelo IPHAN e que, no nosso modesto entendimento, representa o MARCO  ZERO de Maragogipe.

 

AbÍlio Ubiratan

 

 

 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

UMA DATA IMPORTANTE PARA MARAGOGIPE

 

VILA DA FREGUESIA DE SÃO BARTOLOMEU DE MARAGOGIPE (1724-2023)

 

·         No último dia 16 de Fevereiro a VILA DA FREGUESIA DE SÃO BARTOLOMEU DE MARAGOGIPE completou 299 anos de sua criação.

·         A elevação da Vila se deu por ato do Conde Sabugosa, após visita à Freguesia de São Bartolomeu, atendendo pedido dos moradores em finais do sec .XVII.

·         Em agradecimento ao ato do Conde de Sabugosa a população fez doação de 2000 alqueires de farinha de mandioca

·         A vila foi instalada no dia 22 de fevereiro de 1724 pelo Ouvidor Geral Pedro Gonçalves Pereira que tomou as seguintes providências: abertura e autenticação dos livros; escolha e posse dos primeiros conselheiros e construção do pelourinho (símbolo do poder)

·         O prédio do Paço Municipal local onde funcionou por muito tempo a CASA DE CÃMARA E CADEIA foi construído com recursos dos moradores da então vila, como era norma na época, e inaugurado em 1727.

·         O Conselho Municipal, também Senado Municipal, era formado por cinco conselheiros escolhidos entre os "Homens bons" = donos de terras e de escravos, proprietários de engenhos de açúcar, de grandes extensões de terra, etc.

·         O Conselho era formado por: Presidente, 3 oficiais e um procurador (este um advogado ou rábula).

·         Entre os membros do Conselho o escolhido Presidente tinha as seguintes funções:        a) presidia o aconselho e ao mesmo tempo exercia funções executivas, zelando pela aplicação das posturas municipais, correspondente às leis atuais, votadas pelo Conselho ou vindas da província; b) julgava e dava sentença em crimes e contravenções.

·         Todas as visitas ilustres que Maragogipe recebeu na época da Colônia e do Império ficaram hospedadas no prédio do Paço Municipal, sede da Casa de Câmara e Cadeia.

·         Quando D. Pedro II e sua esposa a Imperatriz Tereza Cristina, em 1859, visitaram Maragogipe ficaram hospedados no Paço Municipal.

·         O General Pedro Labatut esteve preso em uma de suas celas em 1823 quando das lutas pela Independência da Bahia.

·         No prédio da Câmara já funcionaram várias repartições a exemplo de: Poder executivo; Poder legislativo; Poder judiciário - Salão do júri; Secretárias municipais; Tesouraria; Contadoria; Coletoria; Delegacia de polícia (térreo); Alojamento dos policiais (térreo); Estatística (IBGE) e Cadeia pública.

·         No último ano foram realizadas pela Secretaria da Educação do município, como muito sucesso, duas exposições sobre a história de Maragogipe.

·         Sugerimos que a área do térreo seja adaptada para ali funcionar, de maneira permanente, o nosso Museu Municipal e que isso ocorra no próximo ano no dia 16 de Fevereiro por ocasião do aniversário dos 300 Anos da VILA DA FREGUESIA DE SÃO BARTOLOMEU DE MARAGOGIPE.

 

 Abilio Ubiratan

Fev/2023

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

PRESO PELO CABRESTO

 


Há pessoas que não conseguem viver  sem praticar pequenos furtos e passam pela vida com este costume, outros porém, desenvolvem o mesmo hábito roubando grandes quantias para si e para os seus fato muito comum hoje em dia.Há muito tempo houve um furto que chamou a atenção da população de nossa Cidade e que por muito tempo foi motivo de comentários pelo desfecho do mesmo.Um rurícola, certo dia, transitando por estrada deserta achou por bem invadir um sítio da vizinhança no qual um pequeno industrial local criava cavalos de raça. Percebendo que não havia ninguém por perto explorou a região e encontrou os arreios usados para as alimárias ali criadas, todas de requintado padrão como bem mostravam os arreios encontrtados.. Não pensou duas vezes: surrupiou os mesmos e desapareceu na primeira curva da estrada.O proprietário ao saber do ocorrido procurou a delegacia e registrou  um BO como se diz hoje em dia. A polícia por sua vez começou a investigar e também logo encontrou pista do gatuno. O empresário roubado sabendo do êxito da polícia procurou o delegado e citou a sua sentença: gostaria que o desafortunado quando fosse preso entrasse na cidade caminhando  e com o cabresto na cara como seu fosse um cavalo ou  burro. E, como sempre acontece:"quem tem mais, manda mais" certa manhã, caminhando com o cabresto como queria o empresário o ladrão veio da Rua do Rio até o Paço Municipal, onde ficava a cadeia preso pelo cabresto que roubara dias antes.Certo é que diante de tamanha profanação da criatura humana comparando-se com os dias atuais, hoje em dia roubam milhões e quando pegos nem algema se pode colocar mesmo que o dinheiro tenha sido roubado da merenda escolar ou dos remédios do SUS. Triste tempo, o nosso!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

ESPERANDO O CARNAVAL III

 


PEQUENAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CARNAVAL

 

O carnaval surgiu, na Europa, a partir do sec. XI  com a implantação da Quaresma pela Igreja Católica. A Quaresma deveria durar quarenta dias e começar  na quarta-feira de cinzas. Foi ai então que surgiram as diversas manifestações festivas antecedendo essa quarta-feira que dava início a um período de abstinência aos prazeres da carne e jejum.

O carnaval na maioria dos lugares em que é realizado tem duração de três dias. Esse carnaval antes de ser como conhecemos hoje, passou pelo entrudo que consistia em uma brincadeira muitas vezes de mau gosto, pois aproveitava-se para jogar nas pessoas não somente água de gamela e água de cheiro, usadas no princípio,  mas todo tipo de substâncias malcheirosas e até nocivas o que levou as autoridades a proibir por um bom tempo as folias de ruas, ficando a festa restrita aos bailes de fantasias e mascarados em locais fechados, dando origem aos clubes carnavalescos. Depois as autoridades passaram a incentivar os mascarados de rua que foram adotados pelo comércio e o carnaval tomou impulso e ganhou todo o estado.

O carnaval de Maragogipe deve ser considerado sob o aspecto sociológico para que se possa entender a sua autenticidade. A cidade de Maragogipe  foi uma cidade com uma população de operários muito grande em razão da presença das duas fábricas de charutos Dannemann e Suerdieck. Essa gente não tinha recursos para serem gastos com fantasias, assim, improvisava-se de todas as formas nos dias de carnaval para não se perder a festa. Utilizavam roupas velhas, sacos de embalagem de fumo, de farinha, de cimento, jornais velhos para as máscaras, folhas e outros materiais. Em um passado não muito distante, quando vivemos no século passado um período  ditatorial, os jornais de resistência àquele governo, quando não distribuídos eram utilizados na confecção de máscaras e cabeçorras.

Atualmente o carnaval de Maragogipe, já consolidado como um dos melhores carnavais do interior da Bahia, pela sua autenticidade e animação, é tombado como Patrimônio Imaterial da Bahia. Todos os anos mais e mais pessoas visitam Maragogipe nos dias de Carnaval e podem sentir o quanto o povo da hospitaleira cidade de Maragogipe preserva suas tradições e faz dessa festa uma grande e animada festa popular.

Abilio Ubiratan

 

Maio/2010.

 

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

ESPERANDO O CARNAVAL II

 


Carnaval de Maragogipe no tempo

 

“Maragogipe ainda conserva a tradição dos mascarados, pelas formas artesanais de produzir fantasias, de patrocinar o riso e promover a representação da vida cotidiana”.

 

Na década de 1920, para fixarmos os cem últimos anos, foram memoráveis os inúmeros cordões, inclusive de mulheres, que se deleitavam aos prazeres da vida terrena, alem da pompa dos clubes: Amigos do silencio e Deustch club (clube dos alemães), do bloco dos caipiras, do Rancho do jacaré e do concurso da filarmônica Dois de Julho, este direcionado à elite maragojipana. 

 Na década de 1930, nota-se,  nas ruas de Maragogipe, os cordões das Hespanholas, Assustados e dos Nagôs; ternos da Esperança, Marujas, Bonecas, Turcas e A Fauna; rancho do Macação, mascarados, pierrôs, colombinas e, ainda, passeatas promovidas pelas filarmônicas locais..

 A presença de inúmeros mascarados, em grupos ou isolados, na década de 1950, entrado nas casas, era muito comum. Foram registrados nessa época os blocos: Tiro ao Alvo (composto apenas por mulheres), um outro organizado pelo Sr.Vicente Peixoto e o das Garrafas. Também nessa época eram realizados bailes à fantasia na sede da Filarmônica Dois de Julho, Associação Atlética e Radio Clube. Também na mesma época tínhamos o Trio Elétrico Maragós de Dica e o bumba-meu-boi do Angelo “inspetor”. Á  medida em que os bailes em clubes ganham visibilidade, os cordões e blocos, ranchos e ternos vão desaparecendo.

 Para que não haja perda desse aspecto dos carnavais do passado é preciso que haja incentivo à população local para a valorização e fortalecimento da memória cultural e histórica desse aspecto do nosso carnaval, não deixando que desapareça uma simbologia que está ficando esquecida.

 A população de Maragogipe precisa ser estimulada a buscar a memória coletiva em sua história oral ou documental, no sentido de resgatar uma expressão cultural que vem se perdendo no tempo: mandus e máscaras produzidas a partir da técnica do papel maché.

 O Carnaval de Maragogipe tem sua peculiaridade no uso de máscaras e alegorias artesanais e “bandas de sopro”, tradição que deve permanecer em sua essência, espontânea e singular.

 Observação: o primeiro Carnaval de Maragogipe foi em 1897 por  iniciativa da Terpsicore que na ocasião criou o Club Carnavalesco Filhos da Terpsicore.

 

 ABILIO UBIRATAN/fev/2023