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Panorâmica de Maragogipe

domingo, 27 de novembro de 2022

HISTÓRIA DE MARAGOGIPE

 Por iniciativa da FOS a Coletânea HISTÓRIAS MENORES  está sendo relançada.

Recomendamos a todos que admiram a História de MARAGOGIPE. 




segunda-feira, 14 de novembro de 2022

OS SINOS DA MATRIZ

 



No  alto da vetusta Igreja Matriz de São Bartolomeu duas torres se sobressaem. Em cada uma delas um terno de sinos, um grande, um médio  e um pequeno. Forjados em bronze e estanho,  emitem sons que viajam grandes distâncias e  no passado, não muito distante, eram esses sinos o grande anunciador do que acontecia na cidade. Havia um toque para cada ocasião, desde chamadas para as missas, aviso de falecimento, anuncio de horas, etc.

A função de sineiro, sem explicação, desapareceu em nossa cidade. Hoje só nos resta lembrar do tempo dos “grandes” sineiros. No meu imaginário ainda me lembro de Candinho “Paraguaçu”, Julio “come de pão”,  Afumaçado   e outros mais recentemente, mas, nenhum se destacou tanto quanto Candinho.  Acredito que este morava no alto da torre, pois, nunca perdia a hora de tocar os sinos da velha matriz, fosse em que ocasião fosse.  Era o Candinho, assim como os outros, chegado a uma “pinga” e constantemente estava encharcado dela, mas os sinos da matriz em suas mãos tornavam as celebrações  mais festivas e porque não dizer mais bonitas.

A meninada conhecia como ninguém aquele que com mãos de maestro fazia os sinos da matriz “conversarem com os anjos” nos momentos de festa, principalmente na festa do nosso Padroeiro – São Bartolomeu. O sineiro era tão conhecido que qualquer menino ao avistá-lo berrava: Paraguaçu! E ele de imediato emitia um som  gutural semelhante ao apito do navio Paraguaçu,  navio que fazia a linha naquele tempo de Salvador-Cachoeira e vice-versa,  com parada obrigatório na nossa antiga ponte de madeira.

Tudo estou a recordar porque falta-nos um sineiro que possa fazer os velhos sinos da matriz bimbalharem nos momentos festivos. Hoje a procissão do Padroeiro  São Bartolomeu  deixa a matriz e a ela retorna e os sinos não emitem uma única badalada. Por outro lado, é um verdadeiro inferno a quantidade de foguetes que são queimados, com risco para os que se acotovelam no adro da Matriz, querendo ver de perto seu patrono deixar a sua casa para percorrer becos, ruas e ladeiras da nossa Maragogipe, ou à igreja  retornar, depois de a todos ouvir, confortar e abençoar num grande espetáculo de fé e religiosidade!

Confesso que tudo isso estou a escrever porque tenho uma verdadeira afeição pelos sinos da Matriz e não entendo como podem eles viverem em silêncio ou tocados sem vibração, já que foram concebidos para fazerem parte da nossa vida, na alegria ou na tristeza, mas presentes sempre. Ao concluir lembro que é preciso no momento, já que foram restaurados na reforma da Matriz, que voltem solenemente a encher as nossas vidas de alegria com seu bimbalhar festivo. Por último, lembro as palavras do grande escritor Ernest Hemingway: “A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Por ABILIO UBIRATAN

Em agosto/2009.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DR. HILDÉRICO PINHEIRO DE OLIVEIRA

 

 

 

Hildérico  Pinheiro de Oliveira nasceu a 12 de junho de 1921 na localidade de  Água Comprida, hoje município de Simões  Filho, região metropolitana de Salvador. Filho de Pedro Pinheiro de Oliveira e de Egídia  Figueiredo de Oliveira. Pouco depois de nascido Hildérico  foi trazido pelos pais  para Salvador porque estava muito doente  e sobreviveu por pouco. Nessa ocasião foi batizado às pressas na Igreja de Santana. Já tinha o padrinho escolhido mas não tinha madrinha e o padre  então determinou pedir  para ele a proteção  de Senhora  Sant' Ana que fivou sendo sua madrinha. Sua mãe  faleceu quando  ele estava com 2 anos de idade . A partir daí  o pai o levava para onde ia e acabou ficando algumas vezes na cidade  com a família do padrinho  Joaquim Leal. Algum tempo depois, seu pai Pedro  casou-se com Etelvina Leal, irmã de  Joaquim  que, junto com a mãe, dona Maria dos Anjos o criaram como filho. Hildérico  fez o curso primário no Instituto Baiano de Ensino, dirigido pelo  professor Hugo Balthazar da Silveira e que funcionava onde hoje está situado o Jardim Baiano  no bairro de Nazaré. Nesse colégio  Hildérico  tornou-se  amigo de Hamilton Nolasco que foi como um irmão  para ele por toda a vida.  Hildérico  completou seus estudos no Colégio Estadual da Bahia e logo depois em 1940 entrou para a Escola Politécnica  onde se formou   Engenheiro Civil. Nessa época  conheceu Juvenil  Moraes Santos, maragogipana que também  estudou  algum tempo no Colégio  Estadual  da Bahia,  hoje Colégio  Central, e que era prima de um grande amigo  dele e começaram  a namorar vindo a se casar  em 30 de dezembro de 1947. Ainda  na década  de 1940  Hilderico  já ensinava matemática no Colégio Estadual da Bahia  e foi convidado para trabalhar no serviço de Construção de  Escolas  da Secretaria de Educação e  Saúde  cujo secretário era Anisio Teixeira, com quem trabalhou por muito tempo em órgãos  diversos.

Hilderico  com essa experiência  adquirida  ao trabalhar com Anísio Teixeira  interessou-se muito por questões  ligadas à educação  e até  o fim da sua vida além de  trabalhar com planejamento de construção  de prédios escolares  ,preocupou-se  sempre com  a forma como a educação  pública se dava ,com a formação  de professores e com o alcance que a educação  pública  precisa ter. Foi professor do ensino medio por concurso, ensinando matemática no Colégio Estadual da Bahia, mais tarde também professor universitário, alcançando o grau de catedrático na cadeira de Construções Civis e Arquitetura na Escola Politécnica  da UFBA em 1961. Em 1969 fez um estágio de estudo e observação  sobre Processos de Construção Industrializada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil em Lisboa, Portugal. E em 1995 recebeu o título de Professor Emérito  da Universidade Federal da Bahia. Seu trabalho, tanto como engenheiro, como educador  podem ser vistos nos anexos.

Em sua vida familiar  Hilderico  sempre foi  carinhoso, cuidadoso, em geral bem humorado apesar de severo nos seus princípios e valores, que soube muito bem transmitir a seus filhos, Paulo Cezar e Maria Clara  e mais tarde aos quatro netos Alexandre, Felipe, Cláudio e Ronaldo

Como era casado com uma maragogipana, sempre se interessou pela vida na cidade de Maragogipe, onde ia sempre  visitar os sogros e parentes. Mais tarde a política do município também lhe dizia respeito uma vez que seu cunhado Bartolomeu Teixeira ali foi prefeito. E a educação no município também foi uma preocupação dele.

Entre 1967 e 1971 Hildérico  foi diretor  na Bahia do Plano Nacional de Educação  que  era responsável pela construção  de escolas em todo o estados, ocasião essa em que  se construiu  essa escola em Maragogipe. Hildérico  sempre foi um entusiasta  das ideias de Anisio Teixeira  principalmente  a ideia da Escola Parque  que visa proporcionar  uma educação  integral e que ajuda a preparar a criança  para  uma vida adulta onde ela pode ver as possibilidades  e as potencialidades  do seu futuro. E ele trabalhou no projeto da única Escola Parque que foi construída na Bahia.  A vida de Hildérico foi em grande  parte dedicada à  educação, tanto quando  ligada à  construção  de escolas quanto  com a elaboração  de ideias  obra melhor viabilizar  a educação  pública. Já no hospital, depois de uma cirurgia, cujo mau resultado resultou em sua morte, ele trabalhou num projeto  de reeditar um livro de Anisio Teixeira e o deixou  pronto para  isso. Esse projeto foi realizado com o auxílio e a dedicação de um amigo querido  o Prof José  Nilton, proprietário e diretor do Colégio  Apoio  que através  da gráfica do Colégio  publicou o livro Ensino no Estado da Bahia -Anísio Espínola Teixeira. Esse foi o último trabalho de Hildérico o que demonstra seu amor pela educação. Ele  faleceu no dia 5 de setembro de 2000.


Agradecermos à família do sdaudoso Dr. Hildérico Pinheiro pelo texto  acima.

sábado, 5 de novembro de 2022

BIOGRAFIA DE JUAREZ BARTOLOMEU GUERREIRO



Não houve na história de Maragogipe – e certamente não há ainda – político mais importante do que Juarez Guerreiro. Símbolo de uma época, cujo prestígio pessoal influenciava no resultado de eleições, atraia a Maragogipe candidatos a governador, deputado federal e deputado estadual, que lhe beijavam a mão.


Por causa da sua influência política, Maragogipe recebeu a visita de Régis Pacheco, medico de Vitória Conquista, eleito para o governo do estado em 1951 e de Antônio Balbino, sucessor de Regis no governo da Bahia em 1955. Balbino foi também deputado federal, senador e ministro de dois governos: Getúlio Vargas e João Goulart.


Ao chegar a Maragogipe, Antônio Balbino era recebido na “ponte do navio” pela Filarmônica Terpsícore Popular e hospedava-se na casa de Juarez, no Caminho do Caijá (ou Cajá?), a qual atraia tanta gente que mais parecia igreja em dias de festas de São Bartolomeu (Caijá ou Cajá suscitaram uma boa discussão pelos jornais nos anos 60, mas quem venceu foi Bartolomeu Americano, a qual pretendo lembrar em breve).


Juarez era do PSD, legenda também de Regis Pacheco, Antônio Balbino e Waldir Pires, que viriam a integrar na Bahia o MDB, mas se vivesse até o final dos anos 60, quando os militares já se encontravam à frente do governo da República, dificilmente integraria o Movimento Democrático Brasileiro. Porque esse maragogipano alto, moreno e corpulento, era personalista. Ele exerceu durante mais da metade da vida o controle da política municipal, razão pela qual germinou a família mais numerosa da cidade.


Juarez simbolizava a figura do coronel: protegia e oferecia sustento a aqueles que lhe juravam fidelidade ou lhe tinham consideração e respeito, apadrinhava casamentos, arranjava-lhes emprego e dinheiro, providenciava-lhes médicos e internações, batizava-lhes os filhos, dava-lhes refeições, impedia que a polícia os prendesse e se recolhidos à prisão fossem, providenciava-lhes a soltura. Esse chefe da política municipal durante a ditadura Vargas e os governos estaduais de Regis Pacheco e Antônio Balbino dava a impressão de ser em Maragogipe, além de prefeito, o advogado, o médico, o delegado, o escrivão ou o padre.


Ele transmitia a sensação de não ter vocação para ser mandado e sim para mandar, então seria difícil a sua presença no Movimento Democrático Brasileiro, que era uma legenda de idealistas que lutavam para expulsar do poder central os militares. Alguns membros dessa legenda, como o então deputado estadual Marcelo Duarte, filho do jurista Nestor Duarte, esforçava-se também para acabar com as velhas oligarquias inclusive com a que Juarez Guerreiro representou em Maragogipe, a qual não prosperou com a sua morte a despeito de ele haver deixado discípulos como Cid Seixas Fraga e Antomeu Brito Souza.


Para melhor compreensão deste texto, leia também o de Plínio Guedes.


Por Carlos Laranjeira jornalista. Nascido em Maragogipe, reside em São Bernardo do Campo, SP.


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

CEMITÉRIO DE MARAGOGIPE

 

Foto Blog Zevaldo Souza

Sepultamentos ao redor das igrejas

Por muito tempo os sepultamentos eram feitos ao redor da igreja ou capela da região, costume modificado somente a partir da epidemia de cólera entre os anos 1853 e 1859.  Aqui entre nós esse costume não era diferente, tanto que no local onde fica o coreto da Matriz e a lateral em frente à sede da Filarmônica 2 de Julho já foram locais dos sepultamentos da antiga Vila da Freguesia de São Bartolomeu de Maragogipe enquanto que os endinheirados e poderosos da época eram sepultados no interior da igreja, pois pagavam indulgências para tanto, mesmo que tivessem vivido uma vida desregrada, buscando ficar perto de Deus e obter perdão para suas culpas no fim da jornada.

Na paróquia de São Bartolomeu na época dos sepultamentos em torno da Igreja Matriz e  no seu interior duas irmandades se destacavam nos serviços funerários: a Irmandade das Almas e a Irmandade do SS. Sacramento e em razão disso a torre de sinos do lado sul era explorada pela Irmandade das Almas enquanto que a torre do lado norte era da responsabilidade da Irmandade do Santíssimo na cobrança dos dobles de finados. Era essa a principal fonte de rendas das citadas irmandades até que foi cedido o corredor do lado norte para que ai a irmandade do  Santíssimo instalar carneiras de ossos já que no lado sul a irmandade das almas já tinha os seus no corredor lateral.

A partir do momento em que as autoridades da saúde pública despertaram para os riscos da prática de se fazer sepultamentos no interior das igrejas pelo alto grau de miasmas que advinham de tal prática, inclusive deixando o recinto com um cheiro desagradável, mais e mais a campanha se intensificou até que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, recém fundada, tomou a iniciativa de providenciar um local afastado do centro da cidade para a construção do cemitério. A campanha para a concretização do cemitério demorou muitos anos, mesmo porque, como é comum em quase tudo em nossa cidade, havia muita controvérsia entre os que apoiavam a empreitada e os que eram contra, apesar dos riscos já mencionados, levando em conta ainda que o local escolhido ficava no “Berra Boi” depois do “Porto Grande” e para dificultar mais ainda havia um passadiço de madeira para se alcançar a outra margem. A propósito desta dificuldade D. Pedro II, em 1859, quando visitou Maragogipe, fez uma doação para construção da Ponte que liga o Porto Grande ao Porto das Vagas ou das Vacas e a Imperatriz Tereza Cristina doou também uma quantia para a construção da cisterna que recebeu o nome da Imperatriz Tereza Cristina e atualmente tem uma lavanderia ao lado que recebe  o nome “Mãe Baia”, localizadas ao pé da ladeira do cemitério.

Apesar de contar com a contribuição do Imperador Pedro II o cemitério de Maragogipe ainda demorou um pouco para ser construído no local escolhido. Foram tantos os desencontros vividos entre os membros da comissão encarregada da construção que um aviso pregado ao pé da ladeira terminou batizando a rua que existe entre o mangue e o terreno do cemitério de “Bairro da Comissão”.

Vencidos os obstáculos, os desentendimentos e a burocracia finalmente o cemitério de Maragogipe foi inaugurado em 18/11/1862 sob a responsabilidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia Maragogipe.

Por Abílio Ubiratan

 

 

 

terça-feira, 1 de novembro de 2022

LEI Nº 389 de 08 de Maio de 1850

 

Lei que elevou a então Vila da Freguesia de São Bartolomeu de Maragogipe à condição de cidade.

Foi mantida a grafia original da época.

 

LEI Nº 389

 

Álvaro Tiberio de Moncorvo e Lima, Vice-Presidente da Província da Bahia.

Faço saber á todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial Decretou, e eu sanccionei a Lei seguinte:

 

Art. Único: A Villa de Maragogipe fica elevada à cathegoria de Cidade, com a  denominação  de  Patriótica  Cidade  de  Maragogipe,  gosando  de  todos  os foros e prerrogativas de que gosam as demais Cidades da Provincia.

 

Revogam-se as disposições em contrario.

 

Mando por tanto á todas as Authoridades á quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir tão inteiramente como nella se contém. O Secretario desta Provincia a faça imprimir, publicar e correr.

Palácio do Governo da Bahia 8 de Maio de 1850, 29 da Independencia e do Imperio.

(Lugar do Sello) 

 

Nesta Secretaria do Governo da Provincia da Bahia foi publicada a presente Lei em 10 de Maio de 1850.

 

O Secretario,

                                                 Luis Maria Alvaro Falcão Muniz Barretto...18