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Panorâmica de Maragogipe

sexta-feira, 23 de julho de 2021

EDIFÍCIO DO PAÇO MUNICIPAL ( CASA DE CÂMARA E CADEIA )


    O imóvel onde funciona a Câmara Municipal de Maragogipe, um dos prédios tombados pelo IPHAN, no passado serviu como a Casa de Câmara e Cadeia.  Sua construção, segundo registro de tombamento  naquele órgão, é da terceira década do sec. XVIII.

    Possui uma planta retangular, com cômodos intercomunicantes, recoberta por telhado em quatro águas e anexo de serviços na parte de trás com telhado em uma água. O anexo de serviços se comunica com a parte térrea por uma escada em dois lances que termina no pátio dos fundos.

    A sua fachada tem um pórtico arqueado central que dá acesso a uma escada de madeira que leva ao andar superior, ladeado por dois outros arcos de cada lado,  sobre os quais estão cinco “janelas de púlpito com guarda-corpo entalado e coroada por uma espadãna” sobre o telhado. É  no térreo que estão as celas da antiga cadeia.  Em uma dessas celas foi preso o General Pedro Labatut, mercenário que participou da lutas pela emancipação política da Bahia, em 1823.

    Segundo o termo de tombamento do IPHAN, no final do séc. XVIII, “ foi adaptado um relógio à espadãna”, que, contudo, foi retirado do edifício quando da sua restauração em meados do século passado, ocasião na qual também foram eliminadas as grades dos balcões.

    No assoalho do andar superior, notam-se  duas aberturas, que deixam patente que os presos eram colocados nas celas por essas aberturas, mediante a colocação de uma escada  (de pedreiro) e posterior retirada, pois as celas não tinham as atuais portas pela parte  dos fundos.

    Vê-se assim, que o desconforto das celas desencorajava qualquer transgressão, motivo pelo qual as celas passavam a maior parte do tempo vazias, na época, muito diferente da cadeia atual que só vive lotada.

    Tendo sofrido a última grande  reforma no meado do século passado, o imponente imóvel, belo e histórico, está bastante estragado e se não receber a atenção que merece dos governantes, em pouco tempo, poderá ruir com irrecuperável prejuízo para a história local. Espera-se que haja vontade política para recuperar esse prédio tombado pelo IPHAN.

    Vale também registrar que na primeira metade do século passado, a área térrea, em frente às celas, foi utilizada para a realização da feira da farinha da cidade.

 Abilio Ubiratan

Set/2006.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

NOME OU APELIDO? MARAGOJIPE OU MARAGOGIPE?

 

Qual o certo: maragojipe ou Maragogipe? 

O apelido ou o nome de batismo? 

Já passamos da hora de corrigir essa dúvida. É certo que segundo normas ortográficas vigentes da Língua Portuguesa, este topônimo poderia ser grafado como Maragojipe, isto é, com “j”.Todavia, apesar  de prescrever-se o uso da letra "j" para palavras de origem tupi, na mesma convenção está estabelecido que: item “42. Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso ...”. Sendo assim, o nome de Maragogipe, na época em que alguns promoveram a mudança da sua grafia, já estava consagrado historicamente em seus principais documentos, como por exemplo, quando da criação da Freguesia de São Bartolomeu de Maragogipe, em 1693, desmembrada da Freguesia de N.S. da Ajuda de Jaguaripe; em 1724 quando foi elevada à Vila da Freguesia de São Bartolomeu de Maragogipe; em 1850 quando foi elevada à Cidade; mais recentemente em 1973, portanto vigência da citada resolução, quando a Egrégia Câmara de Vereadores de Maragogipe aprovou leis criando o Brasão Oficial e a Bandeira do Município de Maragogipe, todos os documentos históricos e oficiais grafados com o fonema G, já que o nosso topônimo origina-se dos termos tupi-guarani MARAG + GYP. E para esclarecer de vez o que estamos arguindo a ABL (Academia Brasileira de Letras) quando perguntada sobre a questão respondeu à Secretaria Municipal de Cultura que tal mudança só poderia ser efetivada após PLEBISCITO e sabemos que tal consulta nunca foi feita à população.

E agora, para encerrar este texto perguntamos: você prefere o nome próprio ou um apelido para nossa Cidade? Acreditamos que não podemos continuar como estamos com um nome próprio e um apelido que está sendo usado erroneamente em timbre oficial, na nossa Bandeira e nas fachadas de órgãos públicos municipais, causando dúvidas, sem amparo na história.

 Com a palavra a Câmara de Vereadores.

LEI CRIA BANDEIRA DE MARAGOGIPE

 



LEI Nº 6

 

Cria a Bandeira Municipal de Maragogipe

 e dá outras providências.

 

A CAMARA DE VEREADORR4S DO MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE

D E C R E T A:

            Art. 1º - Fica criada a Bandeira Municipal de Maragogipe, e sãos as suas cores: azul, vermelho, branco e verde.

§ Único – No campo azul contém seis (6) estrelas representando os Distritos: Séde-Nagé-Coqueiros-Guapira e São Roque. No campo vermelho uma palmeira representando o Titulo que o povo lhe outorgou: “CIDADE DAS PALMEIRAS”. Ao centro uma faixa branca representando o Rio e em letras verdes “CIDADE PATRIÓTICA”.

Art. 2º - O Executivo Municipal providenciará o feitio de várias Bandeiras para o Paço Municipal, Escolas Públicas e Associações.

Art. 3º - Fica aberto o crédito especial de Cr$1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros), para atender as despesas com o preparo das primeiras Bandeiras.

Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

Maragogipe, 23 de janeiro de 1973.

 

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Ruben Guedes Guerreiro -  Presidente

 

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Nelson Luiz Santos Guerreiro - Secretário

 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

BELA IGREJA E GRANDE DEVOÇÃO (II)


 

           No ano de 2014 escrevi com o título acima um pequeno texto fazendo referência ao valor da Matriz de São Bartolomeu e alertando para os riscos de perdermos um patrimônio tão valioso para a nossa fé e para o acervo patrimonial de nossa cidade. Pois bem, depois de três longos anos, ai está a nossa Matriz totalmente recuperada, voltando ao seu estado original, bela e majestosa, abrigando seu Padroeiro, local no qual se fazem orações e pedidos, entoam-se cantos maviosos, celebrações são realizadas, tudo com o propósito de testemunhar a fé da gente maragogipana em seu Patrono.

Hoje em meio à alegria dos devotos de São Bartolomeu por receberemos a nossa matriz nova em folha é preciso não perder de vista quão importante será manter tão belo templo sempre bem cuidado, deixando à mostra toda a sua beleza e simplicidade, como um local de orações, suplicas e pedidos, ponto de encontro de fé e de devoção, local no qual todos aqueles que seguem os ensinamentos de Jesus encontram tranquilidade.

Nunca será demais repetir que a construção da Igreja de São Bartolomeu, principal monumento arquitetônico de nossa cidade, construída no ponto mais alto da península, a partir de 1643, por iniciativa do português Bartolomeu Gato, deu majestade ao sitio onde atualmente repousa nossa cidade, originando-se dai a cidade que tanto nos orgulhamos. Para o êxito da construção a população da época não mediu esforços. Os que não dispunham de recursos, ajudavam com trabalho, mas, todos visavam ter a igreja pronta. Essa empreitada durou 70 anos, segundo alguns, mas fato é que os maragogipanos nunca deixaram de sonhar com uma bela e majestosa igreja como fora prometida pelo colonizador dono da sesmaria.

Foi a partir dessa construção, tão bela e esplendorosa, que domina o ponto mais alto da península que a cidade nasceu e em seu entorno nasceram becos, ladeiras, ruas estreitas e mal traçadas, por onde caminha humildemente a nossa história. O grande exemplo é a mais antiga rua da cidade, a primeira de traçado estreito e sinuoso, a atual Geni de Morais, que se denominava Rua Nova do Comércio, dando origem a outras e mais outras, além de ladeiras e becos e assim o aglomerado urbano da nascente cidade de Maragogipe se deu de forma acidentada, com ruas mal traçadas, muito estreitas, próprias para carroças da época, mas que hoje apresentam perigo para a locomoção das pessoas diante do número de carros e motos.

Quando afirmamos que a construção da nossa Igreja Matriz de São Bartolomeu foi o fator que propiciou o surgimento da nossa Cidade o fazemos de modo consciente analisando a grandeza do templo para os padrões da comunidade que existia na época de sua construção e considerando a pequena população local.

A matriz ocupa uma área de 1749 m2. Sua fachada tem uma porta central trabalhada em madeira de lei, adornada por uma bela portada em pedras de cantaria, ladeada por duas outras menores também do mesmo feitio. Na altura do coro temos três janelas estilo guilhotina, encimadas por um frontão sobre o qual existe uma cruz. Completam a sua fachada duas torres encimadas por pirâmides embrechadas de pedaços de louças. Em cada uma das torres existe um terno de sinos que por muitos anos fizeram parte dos sons da cidade, pois, tinham as mais diversas funções: marcavam as horas; avisavam quando havia falecimento ou outro evento que merecesse chamar atenção da população. Nas celebrações religiosas eles tinham a missão de “falar com os anjos”, mormente nas “festas de Agosto” como os antigos se referiam à Festa de São Bartolomeu. No momento os sinos são tocados em momentos esporádicos, estão quase silenciosos em razão do politicamente correto, já que, para uns os sinos produzem poluição sonora, sem atentarem para os carros de som que infernizam a nossa vida, a qualquer hora do dia ou da noite, e para os quais há proibição, mas não é respeitada. Sinais dos tempos!

Continuando com os detalhes de nossa matriz. O interior da matriz é de beleza singular. Seus altares ricamente trabalhados, ornados em ouro e em número de seis estão distribuídos pelo seu interior. Há também duas capelas laterais: uma do Santíssimo Sacramento e em frente outra do Sagrado Coração de Jesus. Completando o conjunto em frente à entrada principal fica o altar mor, local onde está entronizada a imagem de São Bartolomeu. Nas laterais do corpo da igreja existem dois púlpitos ricamente ornamentados no mesmo estilo dos altares, esses púlpitos são sustentados por pedras de cantaria. Tem ainda duas sacristias com móveis em estilo rococó e neoclássico com três janelas no alto que dão para o altar mor. As portas de entrada e todas as outras, inclusive as arcadas do altar mor e das capelas todas são sustentadas por pedras de cantaria. O coro é sustentado por duas colunas. Tanto o coro como as tribunas da nave principal são guarnecidos por balaústres de jacarandá. O forro na nave principal é estilo gamela. E nas sacristias é em estilo caixote.

A respeito do tempo de construção muito ainda vai se discutir. Fato é que não importa o tempo que se esperou para que ela ficasse pronta. As dificuldades foram vencidas com determinação. O próprio colonizador Bartolomeu Gato pagou um preço muito alto pelo seu ideal de construir o templo de São Bartolomeu. No ano de 1655 quando a construção já ia avançada os índios tupigauéns, que habitavam as terras do lado sul nas cercanias de Capanema, assombrados com tamanho da obra, que viam de longe, certo dia, atacaram os homens que nela trabalhavam. Foi criado um grupo para dar combate aos silvícolas. À frente deste pelotão seguiu o jovem Gaspar, primogênito de Bartolomeu Gato. Depois de ferrenha luta os silvícolas foram derrotados, mas, o jovem Gaspar foi ferido por uma flecha que lhe traspassou o peito e após três dias de sofrimento, em leito de morte, veio a falecer deixando seus pais muito abatidos, ocasião em que o colonizador Gato prometeu à sua esposa que tão logo a igreja ficasse pronta iria embora o que aconteceu em 1658.  Este o preço que foi pago pelo colonizador e construtor da igreja Matriz de Maragogipe. No ano de 1658 deixou Maragogipe o colonizador Bartolomeu Gato, antes porém, passou por testamento os bens que aqui possuía para Igreja de São Bartolomeu de Maragogipe.

Temos ai um pequeno relato, em aligeiradas palavras, visando conscientizar as pessoas de que a nossa Matriz de São Bartolomeu é um marco na nossa história religiosa e cultural, numa ligação indissolúvel, com mais de três séculos de devoção, tempo no qual belas páginas foram escritas realçando o seu valor.

Por fim, alegre e feliz pela restauração da vetusta e bela Matriz de São Bartolomeu, registro aqui, na condição de amante das tradições e da história de Maragogipe, nosso agradecimento a todos que estiveram envolvidos para o êxito da restauração, sem citar nomes especificamente para não suscitar ciúmes, pedindo a São Bartolomeu que a todos proteja, esperando que todos estejam conscientes de que esse patrimônio é de Maragogipe, de sua fé e de sua história.

Viva São Bartolomeu!

Benedito Jorge C. de Carvalho

Junho/2021.