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Panorâmica de Maragogipe

segunda-feira, 27 de março de 2023

VOVÓ NA LAVAGEM

 Vivendo e aprendendo

A todas aquelas  Senhoras que sonharam em um dia participar da lavagem

A lavagem profana da Festa de São Bartolomeu em Maragogipe desde quando foi iniciada não conta com aprovação de todos. Uns acham a coisa mais natural tudo que ocorre durante o tempo em que a população se esbalda com as músicas e seus refrãos, outros condenam tudo que ocorre no momento da fuzarca e não concordam principalmente com as brincadeiras e as músicas. Dentro de sua visão ambos os grupos têm razão e entre um e outro há aquele grupo que gostaria de participar para sentir tudo que se passa na famosa lavagem.

Vovó Hilda, já sessentona, nunca participou de uma lavagem. Criada com reservas, apesar de ser de família humilde, não via como participar e alimentava aquele desejo sem contudo, nunca cumpri-lo. Ano passado, com duas netas ficando mocinhas e desejosas de participarem da lavagem Vó Hilda tomou coragem e lá foi levar as netas para  a lavagem. Mas, a vida é uma senhora mestra e nos diz que “não devemos desprezar os conselhos dos mais velhos”. Vó Hilda por um momento esqueceu a lição que tantas vezes ouviu em casa e decidida não pensou duas vezes entrou no samba levando pelas mãos suas netas. No início em êxtase não deu para perceber que estava em ambiente festivo porém pra lá de libertino e foi no embalo dos refrãos de “Seu Tibúrcio”. Sentia-se nas nuvens de tanta alegria e felicidade. Porém, sem saber de onde viera recebeu nas nádegas volumosas uma solene dedada e só teve tempo de exclamar: ui! Ao que uma das netas perguntou: - que foi Vó? Ao que ela respondeu: -- nada e foi saindo de mansinho do meio da gandaia. Adeus lavagem! Perdeu a alegria e voltou pra casa escabreada. Chegando em casa todos queria saber como foi a experiência. No princípio ainda meio sem jeito nada respondia, até que desandou a rir e começou a contar a aventura até chegar ao exato momento em que de jeito debochado, como é de seu feitio, disse alto e bom som: -- Tomei uma dedada! Todos caíram na risada. Essa é vó Hilda que todos conhecemos. Viva São Bartolomeu!

 

Por Abílio Ubiratan

Agosto/2022.

domingo, 19 de março de 2023

ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM MARAGOGIPE

 


Foto ilustrativa da internet

Até o ano de 1830 as vilas e povoados do Brasil não tinham iluminação pública, pois as prefeituras não eram obrigadas a prestarem tal serviço. A falta da iluminação pública, alegavam alguns, era causada pelo alto custo do óleo de baleia muito utilizado na iluminação noturna. Por questão de economia passou-se a utilizar todo tipo de óleo para substituir o óleo de baleia.

Na cidade de Maragogipe, em 1871, instalou-se a iluminação pública com 40 lampiões que posteriormente foram aumentados para 80 lampiões. Logo após a iluminação pública ter sido ampliada em número de lampiões, surgiu uma nova modalidade de iluminação à base de acetileno e ai então, a Praça da Câmara, atual Cons. Antônio Rebouças, foi iluminada à base de acetileno, serviço inaugurado em 15/11/1901. Logo em seguida também a Igreja Matriz de São Bartolomeu recebeu iluminação interna que utilizava o mesmo elemento químico como combustível.

Em 1930 por iniciativa de Gerhard Meyer Suerdieck foi criada a Cia. Maragogipana de Eletricidade, com dois motores próprios, tendo sido inaugurada em 02/08/1931, cuja finalidade principal era fornecer energia para a  fábrica Suerdieck, para a iluminação pública e para as moradores  que assim desejassem.

Em 1938 a Cia. Maragogipana de Eletricidade vendeu os dois motores e passou a adquirir a energia elétrica vinda da Usina de Bananeiras em são Felix.

Com a criação da Cia de Energia Elétrica da Bahia a Maragogipana passou a adquirir a energia que abastecia a Cidade de Maragogipe diretamente daquele Cia. Posteriormente a Maragogipana foi encampada pela COELBA.

Um fato interessante que merece ser citado é o seguinte no início da década de 1950, do século passado, a Cidade de Maragogipe passou por um período em que a energia era desligada às 21 horas e só retornava  às 05 horas do dia seguinte. Naquela época era um sofrimento para os alunos do antigo Ginásio Simões Filho estudarem à noite à luz de candeeiros e fifós.

 

Abílio Ubiratan

 

quinta-feira, 16 de março de 2023

CASA GRANDE DA FAZENDA SÃO ROQUE


 

Atualmente a Vila de São Roque do Paraguaçu abriga um estaleiro da Petrobras para construção e reforma de plataformas de exploração de petróleo. No passado aquela Vila abrigava pescadores, marisqueiras, pequenos agricultores e mais os carpinteiros ocupados nos pequenos estaleiros para construção e reparo dos saveiros de vela de içar principal meio de transporte entre as cidades e vilas do baixo Paraguaçu e a capital da província, transportando todo tipo de mercadorias e também “gente e sonhos” como bem disse o poeta. Na Vila de São Roque estão situadas a Casa Grande e Capela da antiga Fazenda São Roque, um dos monumentos tombados pelo Iphan no município de Maragogipe. A Casa Grande é uma construção do séc. XVIII, erguida sobre planta retangular tendo por base um corredor longitudinal, dispondo de quartos laterais ao corredor, salas e área de serviços, num só conjunto. Destaca-se na parte externa uma espaçosa varanda, recoberta por telhado em três águas, sustentado por colunas com capitel toscano quadrados, chamando atenção o aspecto raro do tipo de construção na Bahia. Um pouco acima da casa grande fica a Capela de São Roque, no ponto um pouco mais alto, sendo que no espaço entre a Casa Grande e a Capela surgiu a vila, habitada, ainda hoje, por uma população muito pobre, apesar das riquezas que são geradas com o funcionamento do estaleiro da Petrobrás.

quarta-feira, 1 de março de 2023

FORTINHO DA SALAMINA

 

Fortinho de Santa cruz


(Fortinho do Paraguaçu, Fortinho da Salamina) 

O Forte de Santa Cruz, construção da primeira metade do Séc. XVII (1645), também chamado de Fortinho da Salamina, está situado à margem direita do Rio Paraguaçu. 

O estado atual do Fortinho da Salamina é bastante degradado, muito pouco restando do que existia no lugar, conforme nos informou o escritor Osvaldo Sá, na sua obra Histórias Menores, editada em três volumes. 

Não existe consenso quanto aos seus construtores, uns atribuindo sua construção aos portugueses outros aos holandeses que invadiram a Bahia no séc. XVII. 

A sua construção é toda em pedras e com guaritas em tijolos, tem a forma de um hexágono, franqueado com água em três lados. Para assegurar a solidez da linha de defesa para os engenhos situados na baia do Iguape e para as cidades de Maragojipe, Cachoeira e São Felix, na mesma época foi construído na margem oposta ao Forte da Salamina, o fortim da Forca. Assim, atingir as localidades mencionadas era tarefa difícil, talvez impossível, para os invasores e contrabandistas daquela época. 

A denominação fortim da Forca, segundo nossos maiores, nasceu em razão de naquele local serem executados, na forca, todos os que fossem condenados de algum crime ou então os que fossem feitos prisioneiros, como foi o caso de alguns franceses aprisionados por Cristovão Jaques, acusados de contrabando, no ano de 1526, segundo Frei Vicente do Salvador. 

As duas fortificações, estando uma defronte da outra, utilizavam o artifício de colocarem sob as águas, grossas correntes de ferro, presas nas margens, para que toda embarcação que conseguisse vencer o fogo cruzado entre as fortificações, esbarrando nas correntes e tendo os cascos avariados, naufragasse em seguida, assim diz a lenda.