Vivendo e aprendendo
A todas aquelas Senhoras que sonharam em um dia participar da lavagem
A lavagem profana da Festa de São
Bartolomeu em Maragogipe desde quando foi iniciada não conta com aprovação de
todos. Uns acham a coisa mais natural tudo que ocorre durante o tempo em que a
população se esbalda com as músicas e seus refrãos, outros condenam tudo que
ocorre no momento da fuzarca e não concordam principalmente com as brincadeiras
e as músicas. Dentro de sua visão ambos os grupos têm razão e entre um e outro
há aquele grupo que gostaria de participar para sentir tudo que se passa na
famosa lavagem.
Vovó Hilda, já sessentona, nunca
participou de uma lavagem. Criada com reservas, apesar de ser de família
humilde, não via como participar e alimentava aquele desejo sem contudo, nunca
cumpri-lo. Ano passado, com duas netas ficando mocinhas e desejosas de
participarem da lavagem Vó Hilda tomou coragem e lá foi levar as netas para a lavagem. Mas, a vida é uma senhora mestra e nos diz que “não
devemos desprezar os conselhos dos mais velhos”. Vó Hilda por um momento esqueceu
a lição que tantas vezes ouviu em casa e decidida não pensou duas vezes entrou
no samba levando pelas mãos suas netas. No início em êxtase não deu para
perceber que estava em ambiente festivo porém pra lá de libertino e foi no
embalo dos refrãos de “Seu Tibúrcio”. Sentia-se nas nuvens de tanta alegria e
felicidade. Porém, sem saber de onde viera recebeu nas nádegas volumosas uma
solene dedada e só teve tempo de exclamar: ui! Ao que uma das netas perguntou:
- que foi Vó? Ao que ela respondeu: -- nada e foi saindo de mansinho do meio da
gandaia. Adeus lavagem! Perdeu a alegria e voltou pra casa escabreada. Chegando
em casa todos queria saber como foi a experiência. No princípio ainda meio sem
jeito nada respondia, até que desandou a rir e começou a contar a aventura até
chegar ao exato momento em que de jeito debochado, como é de seu feitio, disse
alto e bom som: -- Tomei uma dedada! Todos caíram na risada. Essa é vó Hilda
que todos conhecemos. Viva São Bartolomeu!
Por Abílio Ubiratan
Agosto/2022.