A partir do
sec.XVII quando a colonização portuguesa se consolidou em Maragogipe com a
instalação dos engenhos de açúcar houve um crescimento muito grande da
população e consequentemente surgiram as primeiras moradias rústicas com casas
de pau a pique e paredes de taipa cobertas de palhas, utilizadas por pessoas ocupadas
nos engenhos. Foi assim que surgiram os primeiros bairros da cidade e
todos em áreas conquistadas ao mangue.
Nesses bairros começaram a acontecer
os incêndios que consumiam as choupanas de palhas em grande proporção como foi
o caso do ocorrido no dia 11 de Novembro de 1891. Nesse dia no Largo do
Dique, denominação antiga do Largo Sebastião Pinho, foram consumidas pelo
fogo 52 casas.
Depois do incêndio ocorrido no Largo do
Dique tivemos ainda em Maragogipe, pela ordem, os seguintes incêndios:
Em 22/09/1892 na Rua da Horta 6 casas
consumidas;
Em 09/01/1913 no Beco da Mangueira 12
casas consumidas;
Em 06/02/1915 no Cai-Cai 18 casas consumidas;
Em 02/11/1921 no Canto Escuro 11 casas
consumidas;
Em 19/11/1921 no Beco dos Canudos 9 casas
consumidas;
Em 19/08/1923 no Largo Sebastião Pinho 7
casas (segundo incêndio do local).
Nos dias 9, 10, 11 e 12 de novembro de
1938 a população se apavorou com incêndios que destruíram no Beco do Piolho 28
casas; na Boiada 5 casas; na Comissão 9 casas; e no Japão 13 casas.
Em
12/12/1938 3 casas foram queimadas no Porto das Vagas.
Em 06/07/1946 no Arrasta Couro 11 casas
queimadas;.
Em 23 de outubro de 1948 mais 5 casas no
Canto Escuro.
A partir dos incêndios ocorridos no ano de
l938 a população se encarregou de divulgar na cidade a lenda da existência do
passarinho do bico de fogo, responsável por incendiar as moradas num mesmo dia
em bairros distintos. Foi somente a partir dai que os incêndios
diminuíram ou desapareceram uma vez que as moradias foram melhoradas
trocando-se a cobertura de palhas por cobertura de telhas.
O mistério da existência do passarinho do
bico de fogo até hoje não foi esclarecido mas uma coisa é certa nunca mais tivemos
incêndios na cidade.
Benedito Jorge C. de Carvalho