A devoção de São Bartolomeu de Maragogipe já tem mais de três séculos e esse tempo tão longo tem sido propício para que muitas histórias sejam contadas a cerca dessa devoção, umas verdadeiras e outras fantasiosas.
Não há entre os maragogipanos, novos
ou velhos, quem não saiba da história da
visão do aparecimento de um homem alto,
sobre uma pedra, adaga na destra, todo rubro, notícia que se espalhou na antiga
vila como rastilho de pólvora e logo os habitantes locais, levados pela interpretação
do ocorrido, decidiram trocar o padroeiro para São Bartolomeu, esquecendo o
padroeiro antigo São Gonçalo do Amarantes.
Outro dia conversando numa roda
de amigos, entre os quais estava Brejéu, grande artilheiro do Palmeiras, e
sobrinho do famoso Boboco. O grande futebolista de Maragogipe, é uma grande
figura. Hoje vencido pelos anos, está alquebrado, andando com certa
dificuldade, mas não perdeu a verve que herdou do seu tio: seja qual for a
situação sempre pode fazer uma piada.
Em meio ao papo, o nosso Brejéu
saiu-se com uma “história” que pela sua originalidade merece ser contada. Disse
ele que certa feita estava na procissão de São Bartolomeu, como faz todo ano,
carregando o andor e concentrado pesando no seu estado de saúde física e
financeira. Pedia no seu intimo que São Bartolomeu olhasse para seu estado e
desse uma solução, foi quando de repente, viu a alguns passos à sua frente algo
brilhar no chão. Observou com cuidado e teve a certeza de que era uma jóia. Com
muito esforço, sem largar o varão do andor, ato contínuo, abaixou e pegou o objeto guardando-o no
bolso. Daí em diante todo o restante do
percurso da procissão foi feito com a expectativa de que o santo padroeiro ouviu
os seus pedidos e sua situação estava resolvida.
Ao encerramento da procissão,
correu para casa a fim de examinar o
achado. Chegando em casa, trancou-se no
quarto, tirou do bolso o objeto e passou a examiná-lo com cuidado. Ai então,
veio a surpresa, ficou sabendo que a jóia tão sonhada e que representava a sua
redenção econômica, nada mais era do que um broche de bijouteria. Sentado na
cama, olhos postos num quadro que emoldurava a parede na sua frente, contemplou
a imagem de São Bartolomeu e no intimo disse:
- Bartola, tenho fé que um dia
serei ouvido. Essa é a segunda vez que me engano!
Abilio Ubiratan
Maio/2010