ROMARIA DOS
OPERÁRIOS DA FÁBRICA SUERDIECK - 11 DE MAIO DE 1970
A Suerdieck começou em Maragogipe
como barracão de escolha de fumo e somente alguns anos depois passou a produzir
charutos tendo evoluído para se tornar a maior empresa do ramo no nordeste brasileiro,
com filiais em vários estados e até na Europa.
Desde a sua criação que a Suerdieck
instituiu o sistema de pagamento semanal aos seus empregados. Então, no momento
em que começaram as dificuldades financeiras do grupo a partir dos anos 60 e
que evoluíram e nos anos 70 já haviam se transformado em um grande problema
toda a economia local sofreu os efeitos da crise. No início dos anos 70 a situação se tornou gravíssima e a
Suerdieck chegou a ficar quatorze semana sem pagar o salário dos trabalhadores.
Essa situação gerou uma crise sem precedentes na economia de Maragogipe e
consequentemente em toda região.
Em meio à crise que se abateu sobre a
Suerdieck os trabalhadores foram os maiores baluartes para o soerguimento da
mesma uma vez que mesmo sem receber o seu salário por período tão longo continuaram
trabalhando sustentados na esperança de um dia receber, como de fato ocorreu.
Mas, uma coisa chamou a atenção da
imprensa da época. Apelando para a fé do povo maragogipano, o Pe. Florisvaldo
organizou uma romaria para implorar a proteção do Padroeiro São Bartolomeu para
que a cidade saísse daquela situação. Exatamente no dia 11 de junho de 1970 a
cidade se movimentou e uma enorme procissão saiu da matriz com destino à capela
do Cruzeiro.
A histórica manifestação religiosa
foi um espetáculo de rara beleza e demonstração de fé que jamais se repetiu em
Maragogipe demonstrando a confiança dos moradores em seu Protetor. Portando
lamparina com velas acessas a procissão subiu a ladeira do Cruzeiro e os que
ficaram no adro da Matriz puderam sentir a vibração daquelas “almas reunidas“ implorando
ao seu Padroeiro solução para tão grave situação. Certo é que, por muitos dias
não se falou em outro evento a não ser o espetáculo daquela noite memorável. Pois
bem, passados alguns dias como ocorre sempre nesses casos, como um passe de
mágica, chega a notícia de que o Governo Federal havia concedido um empréstimo
à Suerdieck capaz de saldar seus compromissos, incluindo os salários atrasados
dos operários. Hoje, passados tantos anos, perguntamos a fé tem ou não tem
força? Responda aí para meu melhor entendimento foi milagre?
Abílio
Ubiratan
Fonte:
ARQUIVO. Maragogipe, 27 de maio de 1970. Nº 201, p. 1