Maragogipe
Anotações
históricas
Os historiadores e estudiosos não se cansam de afirmar
que a origem do topônimo Maragogipe
está nos etmos tupi-guarani MARAG+GYP
e para não fugir à regra não existe consenso quanto ao seu significado. Para
uns traduz-se por “água ou rio dos
mosquitos” e enquanto Teodoro Sampaio, estudioso do assunto, diz que a
tradução acertada é “rio dos maracujás”
do que discordamos, pois não há evidências de que aqui tenha havido grandes
plantações dessa cultura. Todavia, nas marés de quarto, em razão da extensa
área de manguezal, a população sofre com a presença de mosquitos.
Origem do município
As terras onde se situa o município de Maragogipe foi
parte da sesmaria de Peroaçu doada a D. Álvaro da Costa, filho do 2º Governador
Duarte da Costa, em 16 de Janeiro de 1557, com confirmação da doação em 1562. Sob
o comando de Álvaro da Costa a sesmaria não progrediu e por volta de 1640, outro
português de nome Bartolomeu Gato adquiriu a mesma junto Governo de Portugal e
nela se estabeleceu com o propósito de construir engenhos de açúcar na região. Uma
das primeiras providências do novo colonizador foi trocar o padroeiro do lugar
que era São Gonçalo do Amarantes por São Bartolomeu, santo da devoção dele e
que lhe emprestava o nome. Feita troca do Padroeiro uma grande igreja foi
construída, segundo o IPHAN entre 1643/1658. Sendo que após a inauguração da
igreja, conforme norma eclesiástica que só permitia a criação de freguesia em
locais nos quais já houvesse uma Igreja, foi criada a Freguesia de São Bartolomeu de Maragogipe, em 1679, desmembrada da Freguesia
de N.S. da Ajuda de Jaguaripe.
Bartolomeu Gato deixou Maragogipe em definitivo no ano
de 1658, cumprindo promessa feita à sua esposa em razão da perda de seu único
filho e antes de partir passou por testamento suas terras de Maragogipe para a
Igreja Matriz de São Bartolomeu.
Evolução histórica
Possuindo bom porto e boa localização, com o progresso
dos engenhos de açúcar, Maragogipe progrediu rapidamente tornando-se um ponto
de convergência de moradores de várias localidades do recôncavo, pois sua
localização privilegiada proporcionava fácil escoamento dos produtos para a
capital da província e outras localidades da região.
Maragogipe já passou por vários ciclos de desenvolvimento. No
principio foram os engenhos de açúcar, época do ciclo da cana de açúcar móvel
econômico que interessava a Portugal nas suas relações econômicas com outros
países da Europa. Depois veio o ciclo do fumo que aqui era produzido e
exportado. Já em meados do sec. XIX se
desenvolveu muito bem a cultura do café nas terras maragogipanas e em razão disso Maragogipe foi agraciado com
uma condecoração na Exposição de Filadélfia, nos EE.UU., em 1883. Após fase do
café veio a fase da industrialização do fumo com a criação das fábricas de
charutos Danneman e Suerdieck que funcionaram a primeira até a metade (1949) e
a outra até o final do século passado(1992). E falando da história da fase da
industrialização do fumo não podemos deixar de destacar que a primeira fábrica
de charutos em Maragogipe foi a de Manoel Vieira de Melo, fundada em 1852 e que
funcionou em sede própria no Largo da Matriz, no prédio que atualmente abriga o
Fórum Prof. Raul Chaves, destacada figura dos meios forenses.
A
primeira igreja
A
primeira igreja de Maragogipe foi feita de pau a pique e coberta de palhas,
isso tão logo os primeiros colonizadores aqui se estabeleceram na época da
doação da Sesmaria de Peroacu a Álvaro da Costa, filho do 2° Governador Geral
Duarte da Costa. Relatos da época apontam que o padroeiro instalado na modesta
capela foi São Gonçalo do Amarantes, substituído depois que Bartolomeu Gato
adquiriu a Sesmaria, em 1640, e nela se instalou com sua família e
serviçais, tendo prometido a construção de uma bela igreja se o padroeiro fosse
mudado para São Bartolomeu, santo que lhe emprestava o nome.
Até
se efetuar a troca do Padroeiro, surgiu muito falatório e muita estória,
motivando consequentemente o aparecimento das lendas. Quem nunca ouviu
falar no aparecimento de uma imagem em um descampado da área onde está
atualmente a matriz? Pois é, e aquela outra do aparecimento de um homem moreno,
alto, cabelos cacheados lhe caindo aos ombros, feições delicadas, corpo rubro
como que banhado em sangue, sobre uma pedra, tendo na mão direita um
facão, visão contada pelos escravos quando iam para o eito da cana? Foram essas
lendas que reforçaram o desejo de mudança de padroeiro por parte do novo
proprietário Bartolomeu Gato e o seu compromisso de para ele construir uma
grande e bela igreja, empreitada iniciada em 1643 e terminada em 1658, segundo
o IPHAN (vide Termo de Tombamento).
Certo
é que o padroeiro foi trocado e a igreja com muito trabalho e muita luta foi
construída para alegria dos maragogipanos, reinando nela há mais de trezentos
anos o querido e venerado São Bartolomeu, nosso querido padroeiro.