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Panorâmica de Maragogipe

sexta-feira, 16 de junho de 2023

A ESTRADA DE FERRO QUE FICOU NO SONHO

 


 

A Estrada de Ferro chegou à vizinha Cidade de São Felix no ano de 1881. A partir da chegada da ferrovia à São Felix a população de Maragogipe passou a sonhar que logo haveria prolongamento da dita estrada até esta cidade em razão das condições de navegabilidade que esta possuía: um porto com navegabilidade sem depender de horário das marés. Assim, a vinda do trem até Maragogipe foi sonho por muitos e muitos anos.

Pesquisando jornais daquela época e os livros do historiador Osvaldo Sá encontramos  importantes notícias sobre a sonhada estrada de ferro de Maragogipe. Por exemplo, tramitaram não somente na Assembleia Legislativa, mas também na Câmara Municipal  de Maragogipe muitos projetos visando tal empreendimento.

Entre as principais providências encontramos: em 02 de março de 1875 o cidadão Emilio Tavares de Oliveira Filho requereu à Câmara Municipal de Maragogipe licença para construir carris de ferro partindo da Cidade de Maragogipe à Ponta de Souza e ali ser construída uma ponte de atracação para o navio da linha Salvador-Cachoeira e vice-versa.

Em seguida outras iniciativas foram tomadas com o mesmo propósito, mas infelizmente sem efeito prático. Vejamos tudo que foi feito no sentido de trazer a tão sonhada estrada de ferro.

O Barão Homem de Melo, na condição de Presidente da Província, no ano de 1878, em visita a Maragogipe acompanhado de um grupo de engenheiros fez levantamento visando estender a malha ferroviária até esta cidade.

No ano de 1884 o Presidente da Província o Desembargador João Rodrigues Chaves promulgou a Lei n°2475, de 26 de agosto, concedendo ao Padre José de Araújo Mato Grosso concedendo o direito para explorar  uma linha férrea, de bitola estreita, partindo de Maragogipe até a localidade de Curralinho por um prazo de 90 anos.

Por fim em 22 de agosto de 1892, o Governador do Estado, Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima sancionou a Lei nº26 com teor seguinte:

“Art.1º - Fica concedido à Cia Brazilian Central Taiwail, pelo tempo correspondente ao da estrada de ferro Central para prolongar esta estrada, por meio de um ramal, até a Cidade de Maragogipe, obrigando-se a concessionária a manter uma linha de navegação direta entre aquela cidade e a Capital, em correspondência com o tráfego da estrada.

Art. 2º - São concedidos em relação a esse prolongamento,  todos os favores de que goza a Companhia, em relação a atual estrada de ferro, com exceção de garantia de juros.”

Analisando-se os desdobramentos de tudo quanto houve no período conclui-se que houve muitos interesses ocultos motivando a nossa estrada de ferro nunca ter saído do papel.

Vejam bem, a decisão do Governador provocou nesta cidade o batimento da pedra fundamental, com muita festa, falatório e foguete. Por gratidão deu-se a uma das principais ruas da cidade o nome do Governador e a estrada nunca saiu do papel.

Graças a Deus os maragogipanos, muitos anos depois, tomaram a decisão acertada e tiraram o nome do Governador agraciado e batizaram a dita rua com o nome de uma maragogipana do povo e que prestou a nossa gente inestimáveis trabalhos como parteira, assistindo  milhares de filhos desta terra no momento de ver a luz pela primeira vez, inclusive o autor deste texto. Viva Mãe Pissú!