A Estrada de Ferro chegou à
vizinha Cidade de São Felix no ano de 1881. A partir da chegada da ferrovia à
São Felix a população de Maragogipe passou a sonhar que logo haveria
prolongamento da dita estrada até esta cidade em razão das condições de
navegabilidade que esta possuía: um porto com navegabilidade sem depender de
horário das marés. Assim, a vinda do trem até Maragogipe foi sonho por muitos e
muitos anos.
Pesquisando jornais daquela época
e os livros do historiador Osvaldo Sá encontramos importantes notícias sobre a sonhada estrada
de ferro de Maragogipe. Por exemplo, tramitaram não somente na Assembleia
Legislativa, mas também na Câmara Municipal de Maragogipe muitos projetos visando tal
empreendimento.
Entre as principais providências
encontramos: em 02 de março de 1875 o cidadão Emilio Tavares de Oliveira Filho requereu à Câmara Municipal de
Maragogipe licença para construir carris de ferro partindo da Cidade
de Maragogipe à Ponta de Souza e ali ser construída uma ponte de atracação para
o navio da linha Salvador-Cachoeira e vice-versa.
Em seguida outras iniciativas
foram tomadas com o mesmo propósito, mas infelizmente sem efeito prático.
Vejamos tudo que foi feito no sentido de trazer a tão sonhada estrada de ferro.
O Barão Homem de Melo, na
condição de Presidente da Província, no ano de 1878, em visita a Maragogipe
acompanhado de um grupo de engenheiros fez levantamento visando estender a
malha ferroviária até esta cidade.
No ano de 1884 o Presidente da
Província o Desembargador João Rodrigues Chaves promulgou a Lei n°2475, de 26
de agosto, concedendo ao Padre José de
Araújo Mato Grosso concedendo o
direito para explorar uma linha férrea,
de bitola estreita, partindo de Maragogipe até a localidade de Curralinho por
um prazo de 90 anos.
Por fim em 22 de agosto de 1892,
o Governador do Estado, Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima sancionou a Lei nº26
com teor seguinte:
“Art.1º - Fica concedido à Cia Brazilian Central Taiwail, pelo tempo
correspondente ao da estrada de ferro Central para prolongar esta estrada, por
meio de um ramal, até a Cidade de Maragogipe, obrigando-se a concessionária a
manter uma linha de navegação direta entre aquela cidade e a Capital, em correspondência
com o tráfego da estrada.
Art. 2º - São concedidos em relação a esse prolongamento, todos os favores de que goza a Companhia, em
relação a atual estrada de ferro, com exceção de garantia de juros.”
Analisando-se os desdobramentos
de tudo quanto houve no período conclui-se que houve muitos interesses ocultos
motivando a nossa estrada de ferro nunca ter saído do papel.
Vejam bem, a decisão do
Governador provocou nesta cidade o batimento da pedra fundamental, com muita
festa, falatório e foguete. Por gratidão deu-se a uma das principais ruas da
cidade o nome do Governador e a estrada nunca saiu do papel.
Graças a Deus os maragogipanos,
muitos anos depois, tomaram a decisão acertada e tiraram o nome do Governador
agraciado e batizaram a dita rua com o nome de uma maragogipana do povo e que
prestou a nossa gente inestimáveis trabalhos como parteira, assistindo milhares de filhos desta terra no momento de
ver a luz pela primeira vez, inclusive o autor deste texto. Viva Mãe Pissú!