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Panorâmica de Maragogipe

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MONUMENTO AO 2 DE JULHO

 




Para os meus ex-alunos e todos que me guardam nas suas recordações.

      Hoje cedo o telefone tocou e ao atender era um velho aluno. Depois da saudação costumeira e dos elogios de sempre perguntou-me o querido amigo: - Professor, por que o nome de Maragogipe não consta do monumento erguido em homenagem ao 2 de Julho, no Campo Grande, em Salvador?

        Por um instante fiquei mudo. Dai corri a memória e comecei a recordar os fatos que culminaram na Batalha de Pirajá. Sem muito esforço vi Antônio Pereira Rebouças, Conselheiro de D. Pedro, sentado à cabeceira de uma grande mesa no salão Nobre da Câmara de Vereadores de Cachoeira, debruçado sobre grande Livro lavrando a ata da instalação da Junta de resistência que se instalou naquela cidade para organizar as forças de resistência.

        No térreo vi também grande fila de homens negros, mulatos, brancos, ricos e pobres inscrevendo-se como voluntários para o exército que se formava para enfrentar as forças de Madeira de Melo e no meio daqueles homens muitos dos nossos irmãos. Eram os filhos de ex-escravos e de escravos, das famílias tradicionais e mais os bartolomeus da silva, pereira, carvalho, malaquias, guerreiro, almeida, Souza,  e mais famílias pioneiras de Maragogipe.

        Sem muito esforço, transportei-me para a Ilha de Itaparica e vi as bravas mulheres  que comandadas por uma maragogipana, Maria Felipa,  atraíram os portugueses, nas praias da bela ilha, dominá-los com seus encantos femininos para finalmente por fogo nas suas embarcações e servi-los depois com uma surra cansanção.

        Digo mais. Vi ainda os maragogipanos , em grupo, homiziados na ponta do Manjubá à espera de que algum soldado português pudesse atingir aquele ponto e tendo acesso à nossa cidade pudesse por em risco a integridade de nossa gente.

        Ai então, como que despertando de um sonho, lembrei que há mais de trinta anos, na ocasião de uma das apresentações da nossa Terpsycore Popular, no Campo Grande, por ocasião do 2 de Julho, já tínhamos visto que no monumento ao caboclo, no centro daquele jardim, registrado em placa consta o nome do todas as cidades antigas do recôncavo e que participaram das lutas que culminaram com o 2 de Julho de 1823, data em que raiou mais forte o sol da liberdade para os baianos e para os brasileiros.

        Hoje, passados tantos anos, eu me pergunto: por que isso? Esquecimento? Ciúme? Ou ação deliberada para esconder a verdade? Responde ai Pedro Labatut  o Senhor que esteve à frente das forças de resistência e que, quando perdeu a confiança dos companheiros esteve preso da cadeia do Paço Municipal, antiga Casa de Câmara e Cadeia, marco histórico da Patriótica Cidade de Maragogipe, título que tanto nos orgulha.

        Assim, sem ter como responder aconselhei ao meu ex-aluno que começasse uma campanha para que essa lacuna seja preenchida em reconhecimento aos fatos históricos que não comporta invencionices e condena toda e qualquer injustiça, porque a história se escreve com a verdade.

        Viva a Independência da Bahia!