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Panorâmica de Maragogipe

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

BELEZA ARQUITETÔNICA DE MARAGOGIPE

Foto de Artur Lameira

  Maragogipe é uma Cidade Hospitaleira, possui diversos atrativos históricos, arquitetônicos, culturais, naturais. Encravada no recôncavo baiana, distante 130km da Capital Salvador, tem cerca de 47 mil habitantes (estimativa IBGE) e distingue-se  por esses inúmeros atrativos e notadamente por possuir uma vasta área de manguezal que circunda toda a cidade, fonte natural de peixes, crustáceos e mariscos  razão da sua culinária rica e especial.

    Para entender sua história é preciso retornar no tempo a partir da construção da Igreja Matriz de São Bartolomeu (IPHAN 1643/1658). Em torno da majestosa igreja surgiu a cidade que sem plano de construção deu origem a um conjunto arquitetônico diverso espalhado por ruas estreitas e ladeiras, imprimindo a esse conjunto um aspecto muito particular, como ocorreu com muitas cidades da mesma época.

    Por falta de um plano arquitetônico muitas construções foram demolidas ou modificadas na cidade sem consentimento dos órgãos responsáveis pelo acervo tombado, provocando uma descaracterização do seu acervo. Hoje muito pouco do casario antigo dos séculos XVII e XVIII ainda existe. Em torno da igreja, centro do sitio histórico, ainda temos algumas construções de grande valor histórico arquitetônico. No Largo da Matriz temos: a Casa Paroquial, o Fórum Raul Chaves e a Casa da Cultura.  Na Praça Cons. Rebouças, vizinha ao Largo da Matriz, temos o prédio da Casa de Câmara e Cadeia (IPHAN 1727) local onde esteve preso o Gal. Pedro Labatut quando das lutas pela independência da Bahia que culminou como 2 de Julho de 1823, o prédio do antigo Miguesi, a fachada da antiga Danneman e o prédio sede da Filarmônica Terpsicore Popular.

     IGREJA MATRIZ DE SÃO BARTOLOMEU   

     A matriz ocupa uma área de 1749 m2. Sua fachada tem uma porta central em madeira de lei trabalhada,  ladeada por duas outras menores também do mesmo feitio. Na altura do coro temos quatro janelas estilo guilhotina, encimadas por um frontão sobre o qual existe uma cruz. Completam a sua fachada duas torres encimadas por pirâmides embrechadas de pedaços de louças. Em cada uma das torres existe um terno de sinos que por muitos anos fizeram parte dos sons da cidade, pois, tinham as mais diversas funções: marcavam as horas; avisavam quando havia falecimento ou outro evento que merecesse chamar atenção da população. Nas celebrações religiosas eles tinham a missão de “falar com os anjos”, mormente nas “festas de Agosto” como os antigos se referiam à Festa de São Bartolomeu. No momento os sinos são tocados em momentos esporádicos, estão quase silenciosos em razão do politicamente correto já que, para uns os sinos produzem poluição sonora, sem atentarem para os carros de sons que infernizam a nossa vida e não há quem os coíbam. Sinais dos tempos!

    O interior da matriz é belo. Seus altares, em numero de seis estão distribuídos pelo seu interior. Há também duas capelas laterais: uma do Santíssimo Sacramento e em frente a outra do Sagrado Coração de Jesus. Completando o conjunto em frente à entrada fica o altar mor, local onde está entronizada a imagem de São Bartolomeu. Nas laterais do corpo da igreja existem dois púlpitos em estilo sustentados por pedras de cantaria e duas sacristias com móveis em estilo rococó e neoclássico. O coro e tribunas da nave são guarnecidas por balaústres de jacarandá. O forro na nave principal é estilo gamela. E nas sacristias é em estilo caixote. A nossa matriz possui notável acervo de imagens, móveis e prataria.

    A respeito do tempo de construção muito ainda vai se discutir. Fato é que não importa o tempo que se esperou para que ela ficasse pronta. A Matriz de São Bartolomeu é um dos templos mais importantes do Estado da Bahia e cartão postal de Maragogipe. Todavia, isso não impede que seus altares estejam carentes de reparos a fim de que não se perca tão importante relíquia religiosa e arquitetônica. Em seu interior já se realizaram pomposas celebrações e o louvor ao Padroeiro São Bartolomeu. Memoráveis acontecimentos de demonstrações de fé de um povo que não perde a fé em seu patrono. Povo algum reverencia seu protetor como mais devoção e alegria. No intimo do coração de cada maragogipano há a certeza de que quem vive sob a proteção do Ínclito Apostolo São Bartolomeu, qualquer que seja a provação, estará protegido.


    PAÇO MUNICIPAL (Prédio da CÂMARA DE VEREADORES)

    Situa-se em um dos pontos mais elevados da cidade. A Casa de Câmara e Cadeia foi erguida na década de 1730 seguindo a tradição desenvolvida em Salvador, em meados do século anterior, que apresenta pórtico arqueado, em quase todo o edifício, onde se realiza a feira semanal. No térreo, funcionava a Cadeia e no sobrado, a Câmara. O edifício destaca-se por suas características arquitetônicas, de proporções harmônicas. No frontispício, uma galeria de arcos plenos no térreo é encimada por janelas de púlpito com guarda-corpo entalado e coroado por uma espadana (estrutura/muro que se prolonga verticalmente) sobre o telhado. 

    Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE


    CASA DA CULTURA

    O prédio onde funciona a Casa da Cultura, foi por muitos anos de propriedade da Suerdieck e nele funcionou por muito tempo uma unidade fabril  até que nos idos de 1993, após o encerramento das atividades da mesma, no ano anterior, foi dado em comodato à Prefeitura que após realizar as modificações  necessárias aí instalou a Casa da Cultura e a Biblioteca Municipal.

    Fórum RAUL CHAVES

    O prédio onde funciona o fórum da cidade foi construído em 1886 pelo português Manoel Vieira de Melo. Ali foi instalada a primeira fábrica de charutos de Maragogipe fundada em 1852, bem antes da Suerdieck. Esse prédio foi adquirido pela Prefeitura depois de ser propriedade de Suerdieck que substituiu a fábrica dos Vieira de Melo. O fórum foi inaugurado no dia 28/12/1993 e recebeu o nome de um dos renomados juristas da Bahia Dr. Raul Chaves fato que descontentou uma parcela da população local  que queria que o mesmo recebesse o nome  do maragogipano  ilustre Cons. Antônio Pereira Rebouças.


Prédio da FILARMÔNICA TERPSYCORE POPULAR 

(Resumo)


Prédio da FILARMÔNICA  2 de JULHO

(Resumo)

    


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MONUMENTO AO 2 DE JULHO

 




Para os meus ex-alunos e todos que me guardam nas suas recordações.

      Hoje cedo o telefone tocou e ao atender era um velho aluno. Depois da saudação costumeira e dos elogios de sempre perguntou-me o querido amigo: - Professor, por que o nome de Maragogipe não consta do monumento erguido em homenagem ao 2 de Julho, no Campo Grande, em Salvador?

        Por um instante fiquei mudo. Dai corri a memória e comecei a recordar os fatos que culminaram na Batalha de Pirajá. Sem muito esforço vi Antônio Pereira Rebouças, Conselheiro de D. Pedro, sentado à cabeceira de uma grande mesa no salão Nobre da Câmara de Vereadores de Cachoeira, debruçado sobre grande Livro lavrando a ata da instalação da Junta de resistência que se instalou naquela cidade para organizar as forças de resistência.

        No térreo vi também grande fila de homens negros, mulatos, brancos, ricos e pobres inscrevendo-se como voluntários para o exército que se formava para enfrentar as forças de Madeira de Melo e no meio daqueles homens muitos dos nossos irmãos. Eram os filhos de ex-escravos e de escravos, das famílias tradicionais e mais os bartolomeus da silva, pereira, carvalho, malaquias, guerreiro, almeida, Souza,  e mais famílias pioneiras de Maragogipe.

        Sem muito esforço, transportei-me para a Ilha de Itaparica e vi as bravas mulheres  que comandadas por uma maragogipana, Maria Felipa,  atraíram os portugueses, nas praias da bela ilha, dominá-los com seus encantos femininos para finalmente por fogo nas suas embarcações e servi-los depois com uma surra cansanção.

        Digo mais. Vi ainda os maragogipanos , em grupo, homiziados na ponta do Manjubá à espera de que algum soldado português pudesse atingir aquele ponto e tendo acesso à nossa cidade pudesse por em risco a integridade de nossa gente.

        Ai então, como que despertando de um sonho, lembrei que há mais de trinta anos, na ocasião de uma das apresentações da nossa Terpsycore Popular, no Campo Grande, por ocasião do 2 de Julho, já tínhamos visto que no monumento ao caboclo, no centro daquele jardim, registrado em placa consta o nome do todas as cidades antigas do recôncavo e que participaram das lutas que culminaram com o 2 de Julho de 1823, data em que raiou mais forte o sol da liberdade para os baianos e para os brasileiros.

        Hoje, passados tantos anos, eu me pergunto: por que isso? Esquecimento? Ciúme? Ou ação deliberada para esconder a verdade? Responde ai Pedro Labatut  o Senhor que esteve à frente das forças de resistência e que, quando perdeu a confiança dos companheiros esteve preso da cadeia do Paço Municipal, antiga Casa de Câmara e Cadeia, marco histórico da Patriótica Cidade de Maragogipe, título que tanto nos orgulha.

        Assim, sem ter como responder aconselhei ao meu ex-aluno que começasse uma campanha para que essa lacuna seja preenchida em reconhecimento aos fatos históricos que não comporta invencionices e condena toda e qualquer injustiça, porque a história se escreve com a verdade.

        Viva a Independência da Bahia!