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Panorâmica de Maragogipe

terça-feira, 30 de março de 2021

MARCO ZERO

 

Toda localidade lugarejo, vila, cidade tem seu ponto de referência que pode ser uma construção histórica, um acidente geográfico, uma estrada, enfim um marco que possa identificar de alguma forma a localidade.

Nas cidades antigas é muito comum encontrarmos construções que além de valorizar o acervo arquitetônico por suas características particulares, guardam também relação com a história do lugar. No caso específico de Maragogipe, temos uma construção que mesmo tendo sido do meado do sec. XVII (1643) guarda uma ligação muito forte com a vida da cidade e representa uma referência para o surgimento de ruas, becos e ladeiras em seu redor, que ao longo do tempo deram forma e emolduram a cidade que habitamos. Não há como negar que a Igreja Matriz de São Bartolomeu de Maragogipe foi o marco que deu essa feição à nossa cidade.

A bela e majestosa Matriz é sem dúvidas o MARCO ZERO de nossa cidade porque em torno dela surgiu uma cidade habitada por um povo hospitaleiro e trabalhador, fiel devoto do grande Apóstolo.

Para preencher essa lacuna resta aos Poderes Executivo e Legislativo tomarem a iniciativa de oficializar que a vetusta matriz oficialmente venha ser o MARCO ZERO de Maragogipe.

Fica mais uma sugestão.

Ataque à Igreja de Bartolomeu


 

    Desde a sua chegada a Maragogipe em 1640, Bartolomeu Gato tinha o objetivo de construir uma igreja para nela entronizar o santo que lhe emprestava o nome e para isso usaria todo seu prestígio de novo dono do lugar para concretizá-lo.

    Os engenhos de açúcar foram surgindo e a Sesmaria cada dia crescia e sua prosperidade era já bastante visível.

    Escolhido o novo padroeiro a notícia se espalhou rapidamente e as primeiras providências foram tomadas para o início da construção da nova igreja prometida. No povoado as conversas giravam sempre em torno da grande construção iniciada. Ocorre que as coisas, desde sempre, nunca ocorrem como são esperadas.

    O sítio no qual o novo colonizador se estabeleceu com sua comitiva lhe dava uma visão ampla da região, por estar num ponto elevado e centralizado. Todavia, essa localização também favorece aos que estavam fora perceber qualquer modificação na paisagem. 

    Assim, à medida que a construção da igreja de São Bartolomeu vai tomando forma e ganhando altura e começa a sobressair sobre a copa das árvores passa a ser notada de longe e isso chamou a atenção dos índios da tribo dos guaens que habitavam as imediações de Capanema e pescavam no rio Guai que corre em direção ao encontro com o Paraguaçu. Certo dia notaram como que um monstro saindo do meio da copa das árvores e entre amedrontados e curiosos,  em grupo, vieram verificar o que estava ocorrendo e tomando conhecimento da obra da igreja resolveram atacá-la e aí então travou-se uma luta entre os índios e os trabalhadores da construção da igreja, sendo estes comandados pelo filho único de Bartolomeu Gato de nome Gonçalo, de apenas 32 anos. Durante a peleja o jovem saiu mortalmente ferido no peito,  vindo a falecer uma semana depois. Esse acontecimento deixou a família Gato muito abalada, especialmente D. Isabel, esposa do colonizador  e mãe do indigitado rapaz. O colonizador então  diante do sofrimento da esposa e da perda de seu único filho, prometeu que tão logo a igreja ficasse pronta eles iriam embora e a partida do grande colonizador aconteceu em 1658, portanto depois de pronta a igreja como o IPHAN consignou no termo de tombamento.

A primeira igreja

Foto ilustrativa da internet
 


    A primeira igreja de Maragogipe foi feita de pau a pique e coberta de palhas, isso tão logo os primeiros colonizadores aqui se estabeleceram na época da doação da Sesmaria de Peroacu a Álvaro da Costa, filho do 2° Governador Geral Duarte da Costa. Relatos da época apontam que o padroeiro instalado na modesta capela foi São Gonçalo do Amarantes, substituído depois que Bartolomeu Gato adquiriu a Sesmaria, em 1640,  e nela se instalou com sua família e serviçais, tendo prometido a construção de uma bela igreja se o padroeiro fosse mudado para São Bartolomeu, santo que lhe emprestava o nome.

    Até se efetuar a troca  do Padroeiro, surgiu muito falatório e muita estória,   motivando consequentemente o aparecimento das lendas. Quem nunca ouviu falar no aparecimento de uma imagem em um descampado da área onde está atualmente a matriz? Pois é, e aquela outra do aparecimento de um homem moreno, alto, cabelos cacheados lhe caindo aos ombros, feições delicadas, corpo rubro como que banhado em sangue, sobre uma pedra,  tendo na mão direita um facão, visão contada pelos escravos quando iam para o eito da cana? Foram essas lendas que reforçaram o desejo de mudança de padroeiro por parte do novo proprietário Bartolomeu Gato e o seu compromisso de para ele construir uma grande e bela igreja, empreitada iniciada em 1643 e terminada em 1658, segundo o IPHAN (vide Termo de Tombamento).

    Certo é que o padroeiro foi trocado e a igreja com muito trabalho e muita luta foi construída para alegria dos maragogipanos, reinando nela há mais de trezentos anos o querido e venerado São Bartolomeu, nosso querido padroeiro.