Retrato do Doutor Manuel Maurício Rebouças (1799-1866)
Acervo da Faculdade de Medicina da Bahia.
Manoel Maurício Rebouças nasceu
em Maragogipe, no ano de 1799 filho de um alfaiate português Gaspar Pereira
Rebouças e uma escrava liberta, Rita Basilia dos Santos.
Foi irmão de José Rebouças,
violinista e compositor, formado em regência musical, na Itália; Manuel Maria
Rebouças, músico, que se destacou como pedagogo; e também de Antônio Pereira
Rebouças, deputado e membro do Conselho de Estado. Foi também tio do
abolicionista André Rebouças e do engenheiro Antônio Rebouças Filho.
Na infância, começou a trabalhar
como escrevente em um cartório de notas.
Junto de seu irmão, lutou na
Guerra de Independência da Bahia contra o Reino de Portugal entre 1822 e 1823 e
recebeu a comenda de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro por sua
contribuição a Causa da Independência da Bahia.
Fez parte de muitos combates,
como o da abordagem de uma canhoneira portuguesa, e comandou uma flotilha, para
apoderar-se de grande quantidade de barris de pólvora guardados em uma das
ilhas da Baía de Todos-os-Santos.
Rebouças passou a servir como
escrivão do Comissariado Geral do Exercito Patriótico, até a sua dissolução,
com o fim da guerra. Ao final do conflito foi condecorado por bravura com a
medalha da campanha da Independência.
Aos 25 anos de idade, em 1824,
foi para França, onde passou sete anos e obteve o grau de Bacharel em Ciências
e Letras, em seguida graduou-se em Medicina. Fazendo os mais estupendos
esforços, porque lhe faltavam os recursos financeiros. Em 1831, colou o grau de
doutor em Medicina, pela Universidade de Paris, onde defendeu tese intitulada
“Dissertacion sur les inhumations em général”.
A tese foi publicada em
Salvador, no ano seguinte, sendo o primeiro estudo publicado no Brasil, a
condenar o sepultamento dentro das igrejas (como era de costume). Considerado
como o mais completos trabalhos de um brasileiro sobre o assunto.
Em 1823, alforriou todos os
escravos domésticos da Família Rebouças em acordo com seu irmão Antônio.
De volta ao Brasil em 1832, foi
nomeado lente, por concurso, de Botânica Médica e Zoologia da Faculdade de
Medicina da Bahia, assim permanecendo até sua aposentadoria em 1861. Portador
de vários títulos, dos quais destacamos o de Conselheiro do Imperador e
Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro. Revela Eduardo Sá Menezes que o Dr.Rebouças,
escreveu volumosa bibliografia médica, hoje boa parte desaparecida, cujos
originais foram submetido à apreciação do Dr. Francisco Paula Cândido, seu
colega em Paris (Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia).
Revela Eduardo Sá Menezes:
“O Dr. Rebouças foi um dedicado
homem de ciência e um grande patriota. Como médico e professor, com efeito, deu
provas do seu valor; na qualidade de cidadão, sobretudo nas lutas da
Independência, mostrou-se de um heroísmo extraordinário”
Foi também membro do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade de Agricultura, Comércio e
Indústria da Província da Bahia.Faleceu em 1866, deixou viúva e cinco filhos
Fonte: Revista do Instituto
Geografico e Histórico da Bahia./OLIVEIRA Eduardo de Sá. Memória histórica da
Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador: Centro
Editorial e Didático da UFBA