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Panorâmica de Maragogipe

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

DEVOÇÃO E FÉ


         Numa manhã, quando iam para o eito, os trabalhadores viram sobre uma pedra  uma visão radiante de um  homem esbelto, cor acobreada, feições delicadas, tendo à mão direita uma adaga e com o corpo todo ensanguentado. Essa notícia rápido correu o povoado. O novo dono do lugar logo decifrou a visão: “trata-se da imagem de São Bartolomeu”. Os moradores concordaram em adotá-lo como patrono do lugar. Então foi escolhido um local onde seria erguida uma grande e majestosa igreja. As obras da nova construção foram iniciadas de imediato e todos concorriam da forma como podiam para a concretização da empreitada. Mas, os recursos eram poucos e então foi solicitada a colaboração do Reino de Portugal que destinou 70 contos de réis de ajuda até a Igreja ficar pronta. Foi assim que tudo começou. São essas recordações avoengas que não podem calar, sobretudo porque isso tudo é história e história é vida. É a vida dos nossos antepassados que viveram essa fé. Uma fé tão profunda que até os mais letrados encontram dificuldade para bem definir o quanto ela representa na vida de cada maragogipano, pois os moradores desta terra sempre tiveram por seu Padroeiro – SÃO BARTOLOMEU, um amor puro e profundo.

Do Bando Anunciador até a procissão (na última segunda-feira do mês de agosto) tudo será festa. A lavagem do templo, com água e sabão, carinho e devoção, representa o ato preparatório para as celebrações que já trazem em si o quanto vai em cada mente e em cada coração de dedicação ao seu Patrono. No novenário, a igreja cheia, mãos contritas e levantadas implorando a misericórdia divina é sempre um clamor de fé de muitas “almas ... reunidas...” que imploram ao seu Padroeiro, especialmente paz e concórdia, sem perder  o foco no maior de todos os mandamentos “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Na aurora do dia 24 de Agosto, dia maior porque é o dia do nosso Padroeiro – SÃO BARTOLOMEU, nosso pároco celebrará a missa solene das cinco horas da manhã. Essa celebração é ímpar na história das celebrações religiosas. Na homilia, o Pregador recordará o exemplo do apóstolo Bartolomeu. A mensagem do Santo Evangelho lembrará a necessidade que temos de seguir o exemplo do nosso Ínclito Padroeiro e buscará uma definição para o traço que liga o povo de Maragogipe ao seu santo Patrono. Um povo que em meio a tudo não perde a fé, acredita nos seus irmãos e por isso se sente gratificado e feliz por “acordar mais cedo para mais cedo poder louvar seu Padroeiro” como bem disse um dia nosso querido Pe. Sadoc.

Em meio a orações, hinos, cânticos e louvores, faremos “nossas orações fervorosas” chegarem ao nosso Padroeiro – SÃO BARTOLOMEU que é e sempre será nosso guia. Aquele que não permitirá que o desânimo se abata sobre seus filhos e que todos irmanados no verdadeiro espírito de fraternidade mantenham sempre no coração a semente do amor. Todos estarão a postos para receber sua benção quando Ele deixar sua Matriz para percorrer os quatro cantos da cidade, em solene procissão, e deitar sobre cada um de seus filhos o olhar paternal de proteção, encerrando assim, de forma apoteótica, mais um ciclo de festas. Nessa hora, com todas as forças do nosso ser,  entoaremos o mais expressivo hino de jubilo que houver em nossos corações por termos gozado mais uma vez dos dias venturosos de orações, cânticos, alegrias, e tudo que houver concorrido para fazer das tradicionais “festas de Agosto” o testemunho de que Maragogipe é Terra de SÃO BARTOLOMEU!

Abilio Ubiratan/ago2012.